sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Ho Ho Ho
Desejo a todos um feliz natal e um ano novo cheio de saúde, amor e felicidade. Nos vemos em 2010!
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
The Wall
Eu sei que demorei, mas não poderia deixar o mês de novembro acabar sem falar do muro de Berlim. No dia 09 de novembro a Alemanha comemorou 20 anos que ele foi derrubado. Impressionante como os quase 155
kilômetros de concreto influenciaram a história européia e porque não
dizer, mundial nos 28 anos em que dividiram a cidade de Berlim em dois
blocos. Também é impressionante como até hoje a europa ainda prova o
gostinho amargo desse período. Basta dar uma passadinha em Berlim para
sentir toda essa história bem de perto.
Quem vai a Berlim pode visitar inúmeros museus que tratam do assunto, mas um dos mais interessantes é o museu do Checkpoint Charlie.
Trata-se de um dos pontos da fronteira entre o setor americano e
soviético e lá existe a possibilidade de participar de um jogo, no qual o
visitante recebe uma identidade de um fictício ex-morador da cidade
tentando atravessar a fronteira por algum motivo. Nessa brincadeira,
você vivencia o controle que a polícia e o exército faziam na época. Na
hora, tudo é bem divertido: eu estava em um carro com
mais três pessoas, éramos turistas do lado ocidental e queriamos
visitar um parente do outro lado. Nossa festinha acabou rápido porque um
de nós estava bebendo uma coca-cola em lata e o ator/policial que
estava controlando nosso carro, não gostou nada daquilo. Tivemos nosso acesso negado... Abaixo vocês podem ver algumas cenas de nossa passagem pela "blitz".
Passado o momento das gargalhada e trocas de figurinhas de como a experiência foi interessante, a cabeça vai a mil com os questionamentos. Como é que uma cidade inteira conseguiu viver quase trinta anos dividida?
Algumas das estórias de quem viveu essa divisão, me fizeram chorar. Inúmeras pessoas viram suas vidas alteradas, literalmente da noite pro dia, já que a construção começou
na madrugada de 12 de agosto de 1961. Em algumas ruas de Berlim,
moradores acordaram e deram de cara com o muro na sua janela. Uma das
intenções do governo soviético com a construção do muro era evitar a onda crescente de imigração de jovens acadêmicos para o lado ocidental e com isso encarceraram metade de uma cidade.
Bem, o muro caiu, vinte
anos se passaram, mas suas marcas ficaram. E assim como o muro dividiu
Berlim e o país, os sentimentos pós-muro são
bem divididos também. Os estados do antigo bloco oeste até hoje pagam
imposto de solidariedade, que tem como objetivo revitalizar os estados
do antigo bloco leste, o que cria um certo ressentimento dos ocidentais
em relação aos orientais. Estes, por sua vez, já estão
cansados de serem retratados como os coitadinhos da Alemanha. Além
disso, tem aqueles que acham que nos tempos do socialismo eram felizes e
não sabiam. Esses são saudosos de um tempo em que o estado regulava absolutamente tudo. Não se podia ter um novo iPod, porque ninguém tinha mesmo e não porque não se tinha dinheiro pra comprar. A liberdade era restrita, mas ninguém era desempregado.
Imagem: Pixabay |
Por outro lado tem aqueles
que se ressentem dessa nova onda de saudosismo socialista, porque foram
presos ou torturados por simplesmente terem emitido uma opinião.
E isso era mais comum do que eu imaginava. Tem um museu em Berlim
somente dedicado aos prisioneiros da polícia comunista onde, além de
casos bem sérios, se pode ver também centenas de estórias absurdas, como
a da menina de 12 anos que foi interrogada pela STASI (1) por ter
riscado um retrato de Stalin. Pessoas que passaram por esse tipo de
contrangimento tendem a achar que tudo se dá um jeito de comprar, mas
liberdade não tem preço.
Hoje em dia quando esse papo vem à tona, eu não me acho qualificada o suficiente para opinar. Só sei que toda
vez que eu visito Berlim eu sinto o maior respeito por aquela cidade e
por esse país de uma forma geral. Admiro a forma como os dois blocos
conseguiram sair de uma história cruel de tão estranha e evoluir para um país no qual o capitalismo ainda não é selvagem. O governo ainda se sente responsável por colocar ordem no terreiro. Aqui essa coisa de simplesmente chegar e começar um império no qual só se lucra ainda não cola muito, não. Existe pobreza, sim e ela tem aumentado a cada ano, mas a diferença é que isso aqui ainda choca, contrange, deprime e por ainda não ser aceito como normal, de leste a oeste, as pessoas um dia botam a boca no trombone, vão atrás de seus direitos e por serem insistentes e se recusarem a agir como se estivessem pedindo favor ao governo, acabam conseguindo fazer seus direitos valerem.P.S. Os alemães se envergonham um pouco dos Scorpions, não sei por que (hahaha) mas aqui vai o link para um video com imagens do dia em que fronteira entra as duas partes de Berlim foi aberta, com a música que a banda compôs depois da queda do muro.
sábado, 10 de outubro de 2009
Teste de Idiotice
Imagem: Pixabay |
A minha impressão foi que, como sempre, no Brasil a gente fala mais do que o que faz. A lei existe, as pessoas falam sobre ela, mas na prática todo mundo continua indo pros bares, bebendo e dirigindo. A única diferença é que agora as pessoas sabem que estão correndo risco de pagarem multa e que caminhos evitarem em quais dias e horários. Como o brasileiro tem muito jogo de cintura, também nem me admirei quando de repente no bar um amigo revela:"Ói galera! tá tendo blitz em frente ao Tereza!!!". Tinha recebido um torpedo de alguém que tinha acabado de passar por lá. Ou seja, a lei existe e parece que está sendo cumprida, mas todo cachaceiro que se preze tem muito amigo. E esses amigos sempre sabem onde está a blitz, de forma que durante o tempo em que estive em Salvador, não soube de ninguem que saiu pra tomar uma e foi pego pela polícia...
Aqui na Alemanha o quadro é outro. Como os alemães são os reis da lógica, eles se tocaram que nem adiantava criar uma Lei Seca, que não funcionaria. Optaram por serem realistas e tolerantes e a coisa funciona bem. Aqui na Alemanha existe uma tolerância de até 0,5 decigramas de álcool para cada litro de sangue. Isso significa que dá pra dar uma saidinha, tomar duas cervejas e ainda voltar dirigindo pra casa (1). No entanto, a lei aqui pode não ser seca, mas é muito dura e por isso se o bafo do
É isso mesmo: vocês não leram errado, nem se trata de um falso cognato. É claro que esse teste tem um outro nome oficial, mas que ninguém usa (2). O termo empregado é o "Idiotentest" mesmo. Acho que isso já é feito de propósito pra matar a pessoa de vergonha e reinforçar que se você está na situação em que está, com a carteira de motorista retida por ter bebido alcoolizado, só porque foi muito idiota mesmo. A pessoa que passa por isso fica com esse carimbo pelo resto da vida, não só na sua ficha policial, como também entre seus amigos, que farão piadinhas sobre isso por toda eternidade.
Por temerem tamanha humilhação a maioria das pessoas aqui evitam beber e dirigir apesar da lei ser até tolerante quanto ao limite de alcool que se pode ingerir. Aqui as pessoas parecem ter consciência de que um copo puxa outro e pra evitar estrapolar o limite, nem começam a beber se tem de dirigir (3). Claro que pessoas irresponsáveis existem em qualquer canto do planeta e portanto tem os que contam com a sorte, bebem e dirigem. Mas se um dia a sorte falha e eles se encontram com a polícia, as consequências são de fazer qualquer um ficar sóbrio imediatamente.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Tô voltando
Êta que já faz um tempão que eu não posto nada!!! Andei afastada do blog não
por falta de assunto, mas por falta de tempo mesmo. Quero retomar o fio
da meada aos pouquinhos. O principal motivo de meu sumiço
foi minha viagem à Salvador. Como sempre, foi bom retornar, rever meus
amigos, minha família, estar em Salvador, comer acarajé...
Quando se mora fora do Brasil é normal sentir um certo estranhamento ao voltar. Claro que quando se está de férias tudo é festa e acaba que esse estranhamento não é levado muito a sério por ninguém. Mas quando se volta de vez, quando as férias são mais longas ou quando já se está fora do país a um tempinho considerável, esse estranhamento é mais óbvio pra todos. E horroroso pra quem o sente na pele.
Quando se mora fora do Brasil é normal sentir um certo estranhamento ao voltar. Claro que quando se está de férias tudo é festa e acaba que esse estranhamento não é levado muito a sério por ninguém. Mas quando se volta de vez, quando as férias são mais longas ou quando já se está fora do país a um tempinho considerável, esse estranhamento é mais óbvio pra todos. E horroroso pra quem o sente na pele.
De repente,
falar a sua própria língua parece meio forçado, você se incomoda com o povo
colando atrás de você nas filas, fica se perguntando cadê os dois centavos que
estão faltando no troco. Em casos extremos, seus amigos e família começam a te
achar meio esquisita, dizem que você está falando português com sotaque
estranho (ai, que que isso, né Sil?), se espantam de como você está pálida, te
chamam de alemã...
O único problema é que você ainda não se sente alemã, mas já não se sente como brasileira de verdade há muito tempo. Morar fora de seu país tem esse efeito: você fica meio órfã de nacionalidade. É preciso então aprender a ser flexível, tentar esquecer os rótulos nacionais e os esteriótipos bons e ruins que vem com eles e tentar aproveitar o melhor de cada cultura.
Hoje em dia eu gosto de feijoada e de Kohl und Pinkel (1). Gosto do calor e das praias de Salvador e do Bürgerpark de Bremen. Pra umas coisas eu sou mais Salvador, pra outras sou mais Bremen. Acho que essa consciência tem faciliado meu transitar entre meus dois mundos e me possibilitou dizer "Mãinha, o fêjão tá ferveno" quando estava em Salvador e "Moin Moin"(2) para o funcionário do aeroporto ao chegar em Bremen.
O único problema é que você ainda não se sente alemã, mas já não se sente como brasileira de verdade há muito tempo. Morar fora de seu país tem esse efeito: você fica meio órfã de nacionalidade. É preciso então aprender a ser flexível, tentar esquecer os rótulos nacionais e os esteriótipos bons e ruins que vem com eles e tentar aproveitar o melhor de cada cultura.
Hoje em dia eu gosto de feijoada e de Kohl und Pinkel (1). Gosto do calor e das praias de Salvador e do Bürgerpark de Bremen. Pra umas coisas eu sou mais Salvador, pra outras sou mais Bremen. Acho que essa consciência tem faciliado meu transitar entre meus dois mundos e me possibilitou dizer "Mãinha, o fêjão tá ferveno" quando estava em Salvador e "Moin Moin"(2) para o funcionário do aeroporto ao chegar em Bremen.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Cuidado com a sinalização
Alemão é um povo que leva sinalização muito a sério. As pessoas aqui não só leem tudo quanto é placa, elas tambem fazem questão
de obedecê-las cegamente. Uma vez uns estudantes de sociologia aqui em
Bremen fizeram um experimento interessante que deixou isso bem claro.
Durante um dia interinho, cada uma das portas da entrada principal da
maior cafeteria da universidade exibiu um letreiro diferente: "Entrada
para Estudantes da União Européia" e "Entrada para Estudantes dos demais Países".
O interessante foi notar que as pessoas paravam em frente, viam o aviso, alguns ficavam meio confusos mas acabavam escolhendo uma porta ou outra. Depois de um dia inteirinho disso, onde centenas de estudantes circulam por dia, apenas uma pessoa perguntou o porque da divisão.
A Alemanha é um dos países com maior quantidade de placas de trânsito por metro quadrado. Chega ao ponto de atrapalhar ao invés de ajudar e por isso o Departamento Nacional de Trânsito está planejando a eliminação de algumas delas. Só espero que não eliminem essa aí que é a minha favorita.
O interessante foi notar que as pessoas paravam em frente, viam o aviso, alguns ficavam meio confusos mas acabavam escolhendo uma porta ou outra. Depois de um dia inteirinho disso, onde centenas de estudantes circulam por dia, apenas uma pessoa perguntou o porque da divisão.
A Alemanha é um dos países com maior quantidade de placas de trânsito por metro quadrado. Chega ao ponto de atrapalhar ao invés de ajudar e por isso o Departamento Nacional de Trânsito está planejando a eliminação de algumas delas. Só espero que não eliminem essa aí que é a minha favorita.
Não significa nem que
a pessoa é obrigada a ter uma idéia, como minha amiga Silvia imaginou e
nem que a pessoa é obrigada a se espantar com alguma coisa, como eu
imaginava a princípio. Significa apenas que a calçada não está totalmente uniforme e se portanto você tropeçar, o pneu da sua bicicleta furar e etc, nem adianta pedir indenização da prefeitura que não vai colar. Afinal de contas estava sinalizado e você ignorou a placa e passou por lá porque quis. Já imaginou se Salvador seguisse a mesma moda?
Os sinais abaixo também estão por toda parte dentro dos bondes e ônibus.
Notem o segundo da esquerda pra direita.
Trata-se de de um desenho de um cone com batata-frita e um copo de
bebida, significando que é proíbido trazer comida e bebida para dentro
do transporte público. Uma amiga minha brasileira muito cara-de-pau,
dessas que perdem o amigo, mas não perdem a
piada, foi abordada dentro de um bonde uma vez, porque tinha entrado
com um pratinho descartável com batata-frita. O senhor chegou pra ela e
disse "Ei mocinha, não se deve entrar no bonde com comida!" ao que ela prontamente respondeu: "Não se pode entrar com batata-frita em um cone. Mas eu estou trazendo a minha em um prato. São duas coisas completamente diferentes. O senhor não está vendo a placa ali, não?"
Pasmem que o comentário de minha amiga, que tinha obviamente sido uma
piada, foi aceito imediatamente pelo tal senhor, que passou uns belos
minutos contemplando o sinal. Provavelmente entrou em crise por tê-lo
interpretado mal.
Essa coisa com sinais, murais e placas
aqui é impressionante. Parece meio bitolado, mas na verdade é um grande indício de adestramento que funciona bem. A vida é muito simples quando se
tem placas o tempo todo indicando o que fazer e pra onde ir. Eu me
adaptei rapidinho! Que não me venham dizer o que eu posso ou não
posso fazer. Quero primeiro ver a placa!!! Tenho estado muito chateada
com a empresa de transporte urbano aqui de Bremen, que anda fazendo uns
ajustes nos painéis eletrônicos, que informam em quantos minutos o
próximo ônibus ou bonde vai chegar, de forma que não se pode mais confiar neles. Um absurdo!!! Aí uma foto do tal painel.
Antigamente a coisa mais rara de se ver aqui era gente levantando pra dar lugar a velhinho, criança
e mulher grávida. Mas de repente, comecei a perceber esse gesto de
delicadeza ficando cada vez mais frequente. Passei a me questionar o
que poderia ter mudado, quando notei esse sinal por toda parte dentro dos
ônibus e bondes:
Traduzindo é mais ou menos assim: "Muito
obrigado(a), que gentileza da sua parte". "Ah, por pavor, o prazer é
meu". E as letrinhas pequenas embaixo: Por favor, ofereça seu lugar em caso de necessidade.
Será que esse sinal sozinho é responsável por uma mudança de atitude geral? Se
for só isso mesmo, já imaginou o efeito que surgiria se a cidade
inteira tivesse placas onde se pudesse ler "Sorria também no inverno",
"Aprecie as oportunidades que você tem. Acredite: A vida é bem mais dura
em outras partes do planeta.", "Desenvolva seu senso de humor" ou um
simples "Pare de reclamar e seja feliz"?
terça-feira, 30 de junho de 2009
Santa ignorância
Uma das coisas que eu mais admirava nos alemães quando vim morar aqui pela primeira vez era a conciência política deles. Isto e o fato deles sempre serem super bem informados sobre tudo o que acontece no mundo. Qualquer assunto poderia virar uma grande discussão político sócio econômica. Claro que tinha horas que eu achava eles um bando de chatos sem senso de humor mesmo. Não
tem quem aguente filosofar o tempo todo. Me peguei muitas vezes admirada de ver como todo mundo era bem informado, inclusive
sobre coisas do Brasil. Perdi a conta dos momentos nos quais entrei muda e saí
calada das conversas simplesmente para evitar falar besteira.
À medida que fui conhecendo mais pessoas e que meus conhecimentos de alemão foram melhorando, comecei a perceber que as coisas não eram assim tão maravilhosas como eu imaginava e que, na verdade, ignorância e desinformação tem tanto espaço aqui quanto em qualquer lugar do mundo. A única diferença é que os ignorantes alemães tem uma forma tão sutil de ocultar esse fato, que o olhar não treinado os confunde com os bem informados da vida. Infelizmente eu demorei de aprender as regras desse joguinho de esconde-esconde da ignorância.
A universidade é um dos melhores ambientes para se aprender como essa brincadeira funciona. O povo consegue ficar sentado por 90 minutos, imóvel, fazendo caras de quem está entendendo e ouvindo o professor palestrar sobre um assunto que chega a ser misterioso de tão complexo, sem fazer nenhuma pergunta. Quando algum novato desavisado que ainda não sabe brincar, morde a isca e confessa que não entendeu, vira imediatamente o foco da atenção de todos. São diversos os tipos de olhares, desde os de "coitadinho" até os de "nossa, quanta burrice". No entanto, quanto o professor agradecido de ver que nem todo mundo está dormindo, começa a responder a pergunta do otário que se expôs na inocência, percebe-se que canetas de repente ganham vida e começam a encher os cadernos com conceitos finalmemente esclarecidos para todos. E com isso os alemães vão aprendendo sem nunca terem de admitir que não sabiam.
Eu já fiz muito o papel da desavisada que levanta a mão e admite que não está entendendo logo de primeira. Mas eu percebi que aqui, depois de fazer uma coisa dessas nunca mais se é levado a sério. O sujeito que faz isso fica estigmatizado como burrão para sempre. Como não estou interessada em competir saber com ninguém, estou tranquila com meu rótulo. Até mesmo porque acho que existe um charme muito especial em ser ignorante assumido. Nós perguntamos mil vezes pra conseguir entender direito e com isso aprendemos. Não existe nada mais chato do que gente que não pergunta, mas misteriosamente sabe de tudo, tem opinião pra tudo.
No entanto é difícil combinar minha atitude "não estou nem aí e vou perguntar mesmo" com meu desejo de ser levada a sério principalmente na minha profissão. Os alunos ficam horrorizados quando o professor assume que não sabe determinada coisa e daí perdem a confiança em todo o resto do seus ensinamentos. Uma vez tinha de fazer uma apresentação na universidade e o assunto era tão cavernoso que eu pensei em me dar por vencida e dizer ao professor que não me sentia segura para apresentar no dia programado e pedir um prazo maior para me preparar. Uma amiga alemã disse: "Você é louca? Não faça isso!!! Apresente qualquer coisa, qualquer besteira que você tenha entendido, mas apresente!!". Eu perguntei: "Mas e se eu não tiver entendido NADA?" a resposta: "Não importa, dê um jeito e apresente senão você vai se queimar feio." Fazer o quê? Me apresentei, né? Mas deveria ter gravado para sempre me lembrar de quão patético o ser humano pode ser.
Moral da estória: Só é possível filosofar em alemão. Mas felizmente é possível dizer que "só sei que nada sei", em grego. E em português também.
À medida que fui conhecendo mais pessoas e que meus conhecimentos de alemão foram melhorando, comecei a perceber que as coisas não eram assim tão maravilhosas como eu imaginava e que, na verdade, ignorância e desinformação tem tanto espaço aqui quanto em qualquer lugar do mundo. A única diferença é que os ignorantes alemães tem uma forma tão sutil de ocultar esse fato, que o olhar não treinado os confunde com os bem informados da vida. Infelizmente eu demorei de aprender as regras desse joguinho de esconde-esconde da ignorância.
A universidade é um dos melhores ambientes para se aprender como essa brincadeira funciona. O povo consegue ficar sentado por 90 minutos, imóvel, fazendo caras de quem está entendendo e ouvindo o professor palestrar sobre um assunto que chega a ser misterioso de tão complexo, sem fazer nenhuma pergunta. Quando algum novato desavisado que ainda não sabe brincar, morde a isca e confessa que não entendeu, vira imediatamente o foco da atenção de todos. São diversos os tipos de olhares, desde os de "coitadinho" até os de "nossa, quanta burrice". No entanto, quanto o professor agradecido de ver que nem todo mundo está dormindo, começa a responder a pergunta do otário que se expôs na inocência, percebe-se que canetas de repente ganham vida e começam a encher os cadernos com conceitos finalmemente esclarecidos para todos. E com isso os alemães vão aprendendo sem nunca terem de admitir que não sabiam.
Eu já fiz muito o papel da desavisada que levanta a mão e admite que não está entendendo logo de primeira. Mas eu percebi que aqui, depois de fazer uma coisa dessas nunca mais se é levado a sério. O sujeito que faz isso fica estigmatizado como burrão para sempre. Como não estou interessada em competir saber com ninguém, estou tranquila com meu rótulo. Até mesmo porque acho que existe um charme muito especial em ser ignorante assumido. Nós perguntamos mil vezes pra conseguir entender direito e com isso aprendemos. Não existe nada mais chato do que gente que não pergunta, mas misteriosamente sabe de tudo, tem opinião pra tudo.
No entanto é difícil combinar minha atitude "não estou nem aí e vou perguntar mesmo" com meu desejo de ser levada a sério principalmente na minha profissão. Os alunos ficam horrorizados quando o professor assume que não sabe determinada coisa e daí perdem a confiança em todo o resto do seus ensinamentos. Uma vez tinha de fazer uma apresentação na universidade e o assunto era tão cavernoso que eu pensei em me dar por vencida e dizer ao professor que não me sentia segura para apresentar no dia programado e pedir um prazo maior para me preparar. Uma amiga alemã disse: "Você é louca? Não faça isso!!! Apresente qualquer coisa, qualquer besteira que você tenha entendido, mas apresente!!". Eu perguntei: "Mas e se eu não tiver entendido NADA?" a resposta: "Não importa, dê um jeito e apresente senão você vai se queimar feio." Fazer o quê? Me apresentei, né? Mas deveria ter gravado para sempre me lembrar de quão patético o ser humano pode ser.
Moral da estória: Só é possível filosofar em alemão. Mas felizmente é possível dizer que "só sei que nada sei", em grego. E em português também.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Mas que beleza...
Imagem: Pixabay |
Quinta-feira
passada foi a final de Germany's
Next Top Model. Não vou entrar em detalhes sobre esse tipo de programa. O
fato é que eu estava assistindo por opção mesmo e quem nunca assitiu nenhum
programa alienante, sem a desculpa de que "estava mudando de canal e me
deparei com isto ou aquilo" que atire a primeira pedra.
Enfim, as duas finalistas eram lindíssimas e completamente diferentes na aparência. MandyBork, a rainha da passarela, com longos cabelos loiríssimos, olhos azuis brilhantes e pele clara como sorvete de vanila e SaraNuru com suas madeixas igualmente longas e abundantes, porém escuras como a noite, com um sorriso meigo desses de covinha em cada lado do rosto e de pele cor de chocolate ao leite. Tratando-se de um concurso pra determinar a mulher que sairia na capa de uma das maiores revistas femininas da Alemanha, vocês podem imaginar quem foi escolhida vencedora. Sara, é claro!
Esse resultado colocou meus parafusos pra pensar em relação à beleza e aos muitos caminhos dolorosos que nós seres humanos percorremos em busca de aceitação e felicidade. Passei minha adolescência inteira lutando pra ser considerada bonita em uma cidade onde apesar da maioria ser afro-descendente, o padrão de beleza sempre foi meio europeu. Naquela época, constatei com tristeza que pra ser considerada bela tinha de no mínimo ter cabelo liso, o que me custou fortunas em tratamentos de cabelo. No entanto, um dia cheguei num ponto onde pensei: Chega de alisabel! e dei um basta naquela loucura. Quem quisesse me achar feia que achasse. Tinha valores mais importantes pra dar atenção. E essa mudança de atitude acabou colocando muitas pessoas não fúteis em meu caminho. Para aqueles novos amigos, minha aparência era a última coisa que importava nesse mundo.
Ao mesmo tempo comecei a conhecer vários outros negros e negras que como eu tinham seus traumas e questões de beleza, raça, alisamento de cabelo, aceitação social, cor de pele, preconceito e quinhentos anos de história brasileira pra criar um certo incômodo vez ou outra. Poder conversar com pessoas que entendem nossa perspectiva nos ajuda a entender melhor pelo que passamos. Esse entendimento pode funcionar como um verdadeiro calmante para questões mal resolvidas. No Brasil nunca passei muito tempo sem saber que era vítima de preconceito declarado, até mesmo porque nosso povo vive dizendo que isso não existe no nosso território. No entanto, posso afirmar sem sobra de dúvida que foi difícil crescer sem nunca ter visto um rosto parecido com o meu nos anúncios de televisão e sem nunca poder aprender dicas de maquiagem e cuidados com os cabelos nas revistas femininas enauqnto era isso que todas as meninas de minha idade faziam. Tenho notado que essa situação está mudando aos poucos. Fico feliz. Quem sabe minha filha vai se sentir à vontade pra usar o afro dela numa boa e ser considerada a gatona da escola por causa e não apesar disso.
E por falar em cabelo, quando cheguei aqui na Alemanha percebi que quanto mais indomável ele está, mais elogios eu recebo. Comecei a perceber também que aqui beleza são outros quinhentos. Loiras pintam cabelo de preto, dão permanente pra ter cachinhos e frequentam salões de bronzeamento artificial. Me espanta ver que aqui tem mais negro na televisão e nas páginas das revistas do que no meu Brasil. No país onde a maioria tem cabelo e olhos claros "black is really beautiful" e de acordo com Heidi Klum a próxima supermodel daqui é negra. Ela é mesmo lindíssima, mas eu me pergunto: será que a gente tem de sempre querer ser diferente do que somos? Será que o padrão de beleza não pode nunca ser o nosso próprio padrão individual? Se gosto é pessoal, porque que a brasileira quer parecer Gisele Bündchen e a alemã quer parecer com Naomi Campbel?
A mídia mundial quer sempre fazer nós mulheres nos sentirmos inadequadas a todo custo. Mulher insatisfeita compra mais. A lavagem cerebral é tamanha que a gente acaba se convencendo que não dá pra ser negra no Brasil, loira na Alemanha, gorda e coroa em nenhum lugar do mundo. Então a gente sofre e se sente mal na própria pele porque onde quer que se olhe em busca de algum modelo só se vê supermodelo magrela e de preferência com um visual diferente do da maioria. O que a mídia e o senso comum chamam de exótico. Eu chamo de neurótico. Mas como é difícil não se deixar influenciar por isso...
Enfim, as duas finalistas eram lindíssimas e completamente diferentes na aparência. MandyBork, a rainha da passarela, com longos cabelos loiríssimos, olhos azuis brilhantes e pele clara como sorvete de vanila e SaraNuru com suas madeixas igualmente longas e abundantes, porém escuras como a noite, com um sorriso meigo desses de covinha em cada lado do rosto e de pele cor de chocolate ao leite. Tratando-se de um concurso pra determinar a mulher que sairia na capa de uma das maiores revistas femininas da Alemanha, vocês podem imaginar quem foi escolhida vencedora. Sara, é claro!
Esse resultado colocou meus parafusos pra pensar em relação à beleza e aos muitos caminhos dolorosos que nós seres humanos percorremos em busca de aceitação e felicidade. Passei minha adolescência inteira lutando pra ser considerada bonita em uma cidade onde apesar da maioria ser afro-descendente, o padrão de beleza sempre foi meio europeu. Naquela época, constatei com tristeza que pra ser considerada bela tinha de no mínimo ter cabelo liso, o que me custou fortunas em tratamentos de cabelo. No entanto, um dia cheguei num ponto onde pensei: Chega de alisabel! e dei um basta naquela loucura. Quem quisesse me achar feia que achasse. Tinha valores mais importantes pra dar atenção. E essa mudança de atitude acabou colocando muitas pessoas não fúteis em meu caminho. Para aqueles novos amigos, minha aparência era a última coisa que importava nesse mundo.
Ao mesmo tempo comecei a conhecer vários outros negros e negras que como eu tinham seus traumas e questões de beleza, raça, alisamento de cabelo, aceitação social, cor de pele, preconceito e quinhentos anos de história brasileira pra criar um certo incômodo vez ou outra. Poder conversar com pessoas que entendem nossa perspectiva nos ajuda a entender melhor pelo que passamos. Esse entendimento pode funcionar como um verdadeiro calmante para questões mal resolvidas. No Brasil nunca passei muito tempo sem saber que era vítima de preconceito declarado, até mesmo porque nosso povo vive dizendo que isso não existe no nosso território. No entanto, posso afirmar sem sobra de dúvida que foi difícil crescer sem nunca ter visto um rosto parecido com o meu nos anúncios de televisão e sem nunca poder aprender dicas de maquiagem e cuidados com os cabelos nas revistas femininas enauqnto era isso que todas as meninas de minha idade faziam. Tenho notado que essa situação está mudando aos poucos. Fico feliz. Quem sabe minha filha vai se sentir à vontade pra usar o afro dela numa boa e ser considerada a gatona da escola por causa e não apesar disso.
E por falar em cabelo, quando cheguei aqui na Alemanha percebi que quanto mais indomável ele está, mais elogios eu recebo. Comecei a perceber também que aqui beleza são outros quinhentos. Loiras pintam cabelo de preto, dão permanente pra ter cachinhos e frequentam salões de bronzeamento artificial. Me espanta ver que aqui tem mais negro na televisão e nas páginas das revistas do que no meu Brasil. No país onde a maioria tem cabelo e olhos claros "black is really beautiful" e de acordo com Heidi Klum a próxima supermodel daqui é negra. Ela é mesmo lindíssima, mas eu me pergunto: será que a gente tem de sempre querer ser diferente do que somos? Será que o padrão de beleza não pode nunca ser o nosso próprio padrão individual? Se gosto é pessoal, porque que a brasileira quer parecer Gisele Bündchen e a alemã quer parecer com Naomi Campbel?
A mídia mundial quer sempre fazer nós mulheres nos sentirmos inadequadas a todo custo. Mulher insatisfeita compra mais. A lavagem cerebral é tamanha que a gente acaba se convencendo que não dá pra ser negra no Brasil, loira na Alemanha, gorda e coroa em nenhum lugar do mundo. Então a gente sofre e se sente mal na própria pele porque onde quer que se olhe em busca de algum modelo só se vê supermodelo magrela e de preferência com um visual diferente do da maioria. O que a mídia e o senso comum chamam de exótico. Eu chamo de neurótico. Mas como é difícil não se deixar influenciar por isso...
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quinta-feira, 16 de abril de 2009
Dinheiro
Imagem: Pixabay |
Ok, na verdade o que se diz, simplificadamente ao aniversariante é o clássico "Feliz aniversário" mesmo e acabou, mas não tem nada de errado em se desejar tantas coisas boas a alguém numa data tão especial, foi a minha resposta. Um outro aluno vai e responde que o problema não
era o pensamento em si e sim falar de dinheiro assim à toa com outra
pessoa, muito estranho e meio constrangedor, acrescentou. O primeiro
aluno, o tal que fez a sugestão que iniciou toda a polêmica questionou o porquê da frase dele ser constrangedora. Afinal de contas ele não estava perguntando quanto a pessoa ganhava, estava apenas desejando que a pessoa estivesse sempre bem na fita finaceiramente.
A resposta de uma outra aluna é que foi fascinate: "Não sei qual a opinião dos ingleses sobre esse tema, mas nós alemães simplesmente não falamos de dinheiro. Nós não falamos sobre dinheiro, nós simplesmente o temos." (We don't talk about money, we just have it). O meu aluno angolano, que queria desejar fortuna aos aniversariantes e eu, nos calamos prontamente. Involuntáriamente, trocamos um olhar de cumplicidade que se traduzido diria: "Toma sacana, na sua próxima vida vê se nasce num outro país." De preferência em um no qual as pessoas não precisem falar tanto de dinheiro porque ele é sempre suficiente.
A resposta de uma outra aluna é que foi fascinate: "Não sei qual a opinião dos ingleses sobre esse tema, mas nós alemães simplesmente não falamos de dinheiro. Nós não falamos sobre dinheiro, nós simplesmente o temos." (We don't talk about money, we just have it). O meu aluno angolano, que queria desejar fortuna aos aniversariantes e eu, nos calamos prontamente. Involuntáriamente, trocamos um olhar de cumplicidade que se traduzido diria: "Toma sacana, na sua próxima vida vê se nasce num outro país." De preferência em um no qual as pessoas não precisem falar tanto de dinheiro porque ele é sempre suficiente.
terça-feira, 31 de março de 2009
Greve de Idéias
Ando sem tempo e sem inspiração pra escrever e isso é muito chato quando se tem um blog. Fico
me cobrando pelo menos um texto por mês (muito mais realista do que meu
projeto inicial que era de um texto por semana). Um texto por mês
parece até pouco e uma meta realista, mas quando a gente se vê no meio
do dia-à-dia confuso de professora freelancer num país neurótico como
esse aqui, nem sempre é fácil de cumprir.
Engraçado é
que tenho uma lista enorme de tópicos sobre os quais eu quero escrever.
Coisinhas pequenas da vida por aqui, insights que tenho durante as
muitas conversas legais com minhas companheirinhas de cerveja, lembranças do início de minha vida em Bremen... mas no momento meu tempo livre é tão pouco que a lista só faz aumentar enquanto o blog fica parado. A vontadade de escrever ainda está aqui, mas a inspiração está em greve. Ai ai ai, será que daqui pro mês que vem essa greve acaba?
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Amigos
Meus amigos me amparam, aconselham,
consolam, mimam, fazem rir. Tenho amigos de muitas idéias, cores,
origens, espécies e idades. Uns de boa família, outros nem tanto. Alguns
são pobres outros ricos, mas pra mim todos lindos.
Nos meus piores e melhores momentos lá estão
eles me apoiando, dando bronca, entendendo, me fazendo rir ou rindo de
minhas besteiras. Cada qual de sua forma e com seu jeito especial que os
eleva a condição de
MEUS AMIGOS. Sou uma mulher de tanta sorte que se fosse fazer uma lista
de meus amigos, faltaria lugar no blog. Dispenso portanto, a tal lista.
Meus amigos sabem sem dúvida quem eles são.
O mal de se viver tão longe é que a gente não
pode ter os velhos amigos sempre por perto. A amizade passa a ser
vivida em pequenos fragmentos. Um pouquinho quando se recebe visita,
mais um pouquinho quando se volta à casa. A tecnologia empresta mais um
pouquinho. Mas para uma pessoa como eu isso nunca basta. Queria morar
com todos os meus amigos, estar com eles a todo momento, ouvir suas
vozes a cada segundo, saber o que eles estão pensando... Muita gente deve achar meio louco isso. Eu acho que é maravilhoso (e doloroso) ser apaixonada por meus amigos.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Obrigada, Dona Boba
Imagem: Pixabay |
Para mim a Esperança é uma boba alegre sem
noção. O bicho pega, a casa cai e ela não abandona o barco. Muitas vezes depois
de eu achar que ela morreu, basta um acontecimento banal pra trazê-la de volta
a vida. É uma sonhadora irreparável que muitas vezes me aporrinha por não me
deixar desistir de meus projetos insanos. Minha esperança vai aos pouquinhos me
empurrando para frente, muitas vezes contra minha vontade. Para mim ela tem
vida própria.
Não sou eu quem quer fazer lista de
metas para o ano novo, mas ela simplesmente não me deixa desistir de um dia ter
exatamente aquilo que eu quero. Por isso o ano começa eu me vejo indo pra
academia, comendo salada, estudando, arrumando o guarda-roupa. Quem me conhece
sabe que eu quero mesmo é tomar cerveja em frente à televisão o dia todo e
deixar tudo pra amanhã. Mas minha Esperança, grande empreendedora que é, me faz
saltar da cama cedo me alimentar bem, porque ela sabe que eu quero ser
saudável, ir pra academia porque sabe que meu sonho é um dia ter um corpão
malhado, estudar, porque ela sabe que eu acredito que o ser humano tem de ter
substância, escrever, porque sabe que isso alegra meu espírito.
A bobinha da minha Esperança se recusa a desistir de mim e de meus projetos e eu no fundo a agradeço por isso. Atribuo portanto a autoria deste texto, bobinho como ela mesmo, à danada da minha Esperança que em 2009, assim como em todos os anos, quer me obrigar a me organizar mais, estudar mais, cuidar melhor de meu dinheiro, cuidar melhor de mim, continuar meu blog e ser feliz.
A bobinha da minha Esperança se recusa a desistir de mim e de meus projetos e eu no fundo a agradeço por isso. Atribuo portanto a autoria deste texto, bobinho como ela mesmo, à danada da minha Esperança que em 2009, assim como em todos os anos, quer me obrigar a me organizar mais, estudar mais, cuidar melhor de meu dinheiro, cuidar melhor de mim, continuar meu blog e ser feliz.
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