Viajar sempre me traz
uma grande mistura de emoções. Eu adoro conhecer lugares novos e revisitar os
que já conheço, sair da minha rotina e ver lugares e pessoas diferentes. No
entanto, alguns dos momentos que antecedem minhas viagens são corridos, meio
agoniados e não me deixam descansar direito. Fazer as malas é um desses
momentos. Não consigo relaxar enquanto não aperto o cadeado fechando
definitivamente aquele processo entediante e exaustivo.
Como desta vez uma de minhas
viagens está coincidindo com o final do ano, é quase impossível não começar
reflexões sobre o ano que passou e sobre o que vai chegar. Seguia meu processo
habitual de separar minhas roupas, olhar pra elas com cuidado para decidir o
que levar, quando me ocorreu que as retrospectivas de final de ano nos convidam
a passar por um processo semelhante ao de arrumar as malas. As invés de roupas,
os pensamentos e expecativas. No lugar dos cosméticos, nossas atitudes.
Esta comparação me fez encarar
o fazer de malas de forma completamente diferente. De repente me senti feliz e
leve, com a oportunidade que percebia. Arrumaria minhas idéias para o ano novo
assim como arrumava minhas malas para rever minha terra natal.
Antes de colocar qualquer
coisa na mala vazia, retiro quase tudo do guarda-roupa. Desta forma acabo,
mesmo sem querer, revendo tudo que acumulei lá dentro. Descubro coisas bonitas
poucas vezes usadas, outras coisas já batidas, precisando trocar e tantas outras
que uso muito por serem quase tão confortáveis quanto a minha própria
pele. O mesmo processo acontece com meus
pensamentos.
O que eu quero levar pra o ano
novo? Alguns sentimentos são velhos conhecidos, sensações agradáveis e habituais,
das quais eu não pretendo me separar. Outros fizeram sentido pra mim em algum
momento, mas nem sempre recorri a eles com a frequência que eu imaginava que
recorreria e já outros me parecem antigos, surrados, ultrapassados. Os que são
assim, faço questão de separar do resto pra jogar no lixo. Só espero que num
momento de descuido não acabe os colocando, distraidamente de volta na mala.
Olhei para minha bagagem com
um certo orgulho pela certeza de desta vez ter conseguido escolher coisas
essenciais para levar. Alguns presentes, bem separadinhos do resto das coisas,
deixam bem claro o que é meu e o que apesar de parecer misturado com minhas
coisas, claramente pertencerem a outras pessoas. Viajarei levando duas malas
coloridas, fáceis de carregar, relativamente leves, bem arrumadas e dentro dos
padrões que me possibilitem viajar sem criar transtornos para mim ou para mais
alguém.
Assim espero que seja também
este final de ano. Que seja fácil deixar as coisas fúteis para trás e que
consigamos colocar na mala apenas coisas úteis e necessárias. Que nosso
sentimentos sejam bem selecionados e arrumados em bagagens leves que não nos
transtornem. Desejo a todos uma chegada tranquila no ano novo e que ao abrirem
suas malas em janeiro, descubram com alegria o grande número de possibilidades e
presentes que trouxeram consigo. Se algo se desarrumou no caminho, que a
bagunça seja fácil de limpar. Sigamos viajando e constantemente reavaliando o
que desejamos carregar e o que é preciso deixar pra trás.
Se conseguimos superar 2016 o
ano novo só pode ser melhor. Um excelente 2017 para todos nós.
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