Como eu tenho um blog no qual escrevo sobre um monte
de coisa aleatória, dá para perceber que eu faço parte do grupo daqueles que
têm muitas opiniões e que não se envergonham de dividi-las com os outros, mesmo
quando ninguém está perguntando nada. Não acho que isso seja uma coisa
necessariamente ruim, mas acredito que, como tudo nesta vida, há certas regras,
limites e jeitinhos de se fazer.
Nas inúmeras vezes em que pensei em terminar meu blog,
sempre acabava desistindo ao me lembrar do fato de que isso aqui é um bom
espaço para falar sozinha e para, ao mesmo tempo, dividir minhas opiniões com
quem quiser saber delas. Encontro aqui um meio-termo saudável entre falar o que
eu quiser e ter a cortesia de não ficar incomodando quem não está a fim de ser
incomodado com meu blá blá blá. Mas essa é minha fórmula; sei que não serve
para todo mundo.
O mundo está cheio de comentarista de absolutamente
tudo. Como se não bastasse, até mesmo pessoas que, como eu, tomam o devido
cuidado para guardar pelo menos parte de suas opiniões para si, de vez em
quando, caem na armadilha de distribuir pareceres não solicitados por aí. O
resultado é que o mundo anda cheio de teses, crenças e “eu achos” com os quais,
muitas vezes, concordamos e milhões de outros contrários aos nossos, ou vindos
de pessoas que não nos despertam interesse.
Às vezes, as opiniões dos outros nos pegam quando
estamos de guarda baixa, sem querer necessariamente saber o que eles pensam,
como este texto aqui invadindo a timeline de muitos que só queriam
relaxar vendo vídeos de filhotes fazendo coisas engraçadinhas. Não tem muito
para onde fugir, a opinião alheia está por toda parte, então, o quanto antes
aprendermos a lidar com essa pluralidade de ideias, melhor. Nunca foi tão
importante saber como, por que e quando se colocar em discussões, assim como
nunca foi tão importante reaprender a ouvir e a tolerar o pensamento dos
coleguinhas.
Sempre fico “de cara” com pessoas que têm uma opinião
sobre absolutamente tudo e ainda mais “de cara” com as que acham que precisam
falar delas a toda hora sem parar. Acho que, ao mesmo tempo em que tentamos
dominar a arte de opinar, temos de reaprender a arte de ouvir, senão estaremos
condenados ao isolamento, cada um em sua bolha, gritando coisas sem nexo ao
vento e com a crença de estar tendo conversas. Que cena triste.
Ter opiniões é bom, e falar sobe elas é melhor ainda.
Acho que conversar, discutir e trocar ideias é uma das habilidades mais bacanas
que o ser humano tem. Mas troca de ideias tem de ser isso, né?! Uma troca de ideias. Uma vai e outra vem.
Eu escuto a sua atentamente e espero você terminar de falar para dizer o que penso.
Da mesma forma, você espera eu terminar de falar, enquanto ouve a minha e só
depois, se for necessário, se manifesta. Se não for assim, o que temos são
berros desconexos sobre assuntos dos quais pouco ou nada entendemos.
As redes sociais têm o poder de potencializar esse
comportamento estranho. A gente fala demais, sobre tudo e sem pausa. A
conclusão é que acabamos falando sozinhos porque nos habituamos a ler somente
superficialmente os posicionamentos dos outros enquanto já vamos preparando
nossa resposta para enviar antes de terminar de ler a última linha. Nós falamos
muito, mas não necessariamente respondemos ou dialogamos
com o outro.
Sei que é muito irônico estar opinando sobre a mania
de opinar, mas o que proponho não é pararmos de dizer o que pensamos, e, sim,
reaprendermos a arte da comunicação. Reaprender a falar sem ofender, discordar
sem desqualificar e ouvir sempre até o fim antes de reagir, além de também
avaliar se uma reação é realmente necessária. Se nossa capacidade de ouvir,
processar e tentar compreender o outro estivesse andando de mãos dadas com a
rapidez com a qual falamos sobre tudo, estaríamos vivendo uma época maravilhosa
de diálogos intensos, trocas reais de experiências e de muita empatia mesmo.
Opine aí! O que é que você acha? Ainda dá tempo de
recuperar a capacidade de ouvir? Ainda é possível estabelecer diálogos? Vocês
conhecem pessoas das quais discordam, mas cujas opiniões, mesmo assim,
respeitam? Ou vamos seguir só falando sozinhos mesmo?
Nina Hatty, mais uma vez obrigada pelo carinho e pela revisão:-).